O mundo desperta todos os dias do seu sono noturno, transformado por uma camada de orvalho da manhã, na relva, nas pétalas das flores e folhas, nos automóveis e nos vidros das janelas. Essas gotículas brilhantes duram apenas um pouco e impregnam o início da manhã com uma aura de magia. Se dormirmos até mais tarde, perderemos a magnífica exibição da luz do sol a tocar uma quantidade infinita de pequenas bolas de cristal. Pisar a relva coberta de orvalho é ungir os nossos pés com uma forma de água que aparece apenas uma vez por dia e em breve será evaporada, sob a luz do sol. Se respirarmos, lenta e conscientemente, é quase como se estivéssemos a beber este elixir mágico, formado no limite entre a escuridão e a luz.
Existe uma lenda que diz que o orvalho matinal é uma lágrima do céu e, uma outra, que diz que as gotículas de água são derramadas do vaso da deusa da aurora. Quando vemos a terra coberta com essas gotas cintilantes, é fácil imaginar fadas a banharem-se na água, ou um deus do céu a chorar pelo desejo de estar mais perto da sua amada, deusa da Terra. Vendo a beleza cintilante da terra, emergindo da escuridão, podemos entender esse anseio, em termos da nossa própria gratidão, por neste ciclo da nossa vida podermos usufruir desta visão.
Talvez o céu realmente deseje estar aqui na Terra, e talvez seja por isso que estamos aqui – como canais entre o divino e o terrestre. Enquanto bebemos o orvalho da manhã com os nossos olhos, com a nossa pele, com a nossa respiração, é fácil imaginar que realmente é uma poção mágica, um presente do céu, uma lembrança do nosso verdadeiro propósito e uma oportunidade diária de sermos transformados.
Alf