“A minha avó, Luz do Amanhecer, que era uma índia Kikapoo, dizia que todos nascem com uma caixa de fósforos dentro de si… mas não podemos acendê-los sozinhos. Necessitamos, nesta experiência, de oxigénio e da ajuda de uma vela.
Só que, no nosso caso, o oxigénio deve vir do hálito de alguém de quem gostamos. A luz da vela pode ser qualquer coisa: uma melodia, uma palavra, uma carícia, um som…qualquer coisa, algo que dispare o detonador e acenda um dos fósforos.
Agora, cada pessoa tem então que descobrir quais são seus detonadores para poder viver, porque é a chama do fósforo que nutre a alma de energia.
Se não há detonador para os fósforos, então a caixa humedece e nunca poderemos acender nenhum deles.
Há muitas maneiras de secar uma caixa de fósforos que deixou de ser usada e ficou húmida. Demora algum tempo mas pode ter a certeza que tem remédio.
Também é necessário escolher bem como ou com quem devemos aceder cada um dos nossos fósforos. Cada fósforo é precioso. Eles são a energia da nossa vida e não devemos desperdiçar.
Claro que também é muito importante acender os fósforos um de cada vez, porque se uma emoção intensa acender todos de uma vez, irá acontecer um resplendor tão forte que poderemos ter uma experiência violenta que nos coloque perto do caminho que esquecemos ao nascer e nos chame de volta à nossa perdida origem divina. Enfim, o que minha avó tentava nos dizer é que existem emoções muito fortes, com as quais devemos ter cuidado, porque até são até capazes de matar.”
Reflexões
- Estarei a desperdiçar fósforos? Ainda tenho fósforos que vale a pena acender?
- O que me tem impedido de acender os fósforos que tenho? Será por falta de “oxigénio”, será por receio, medo….. ?
- A minha “caixa de fósforos” estará húmida? Porque é que isso tem acontecido? O que posso fazer?
- Tentações de acender todos os fósforos de uma vez?
Um texto da escritora chilena Laura Esquível